Responsável por 60% dos nascimentos em Campinas,
Maternidade anuncia adesão ao Programa Parto Adequado.
Com 70% dos partos feitos por meio de cesarianas e responsável por cerca de 60% dos nascimentos em Campinas (SP), a Maternidade de Campinas anunciou, nesta quarta-feira (11), a inscrição do tradicional hospital na segunda fase do Programa Parto Adequado (PPA), uma iniciativa do governo federal e unidades particulares para a redução das cesáreas desnecessárias e a melhoria no atendimento às gestantes e aos bebês.
Para se adequar ao programa, os hospitais e maternidades necessitam de alterações no corpo de recursos humanos e profissionais da saúde, e o atendimento às gestantes e bebês, desde o pré-natal até o pós-parto. Entre os meses de janeiro e setembro de 2017, a Maternidade de Campinas realizou 7.658 partos, sendo 5.355 por meio de cirurgias cesarianas. Vale lembrar que o hospital atende toda a região metropolitana.
Do total de partos, 3.712 foram feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais 2.043 (55%) por meio de cesáreas e 1.669 vaginais. Porém, pela Saúde Suplementar (convênios) e particulares, o percentual é maior. As cesáreas são 83,93% e os partos normais, 16,7%.
"O Brasil, infelizmente, é campeão mundial de cesáreas. O ideal é na faixa de 30% e 70% de partos normais. Portanto, no Programa Parto Adequado é evoluir gradativamente mudando a cultura, tanto da paciente, da mãe, como também da equipe multidisciplinar", disse o diretor presidente da Maternidade, Carlos Ferraz.
Partos:
A cirurgia cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido, segundo os médicos, e triplica o risco de morte da mãe.
Ainda segundo os médicos da Maternidade, cerca dos 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no país estão ligados à prematuridade. "Nós temos que trabalhar para tirar aquele medo do parto normal", completa Carlos Ferraz.
A literatura médica indica, ainda, que a passagem do bebê pelo canal vaginal, na hora do nascimento, põe a criança em contato com bactérias presentes nessa área do corpo que fortalece o sistema imunológico e previne o desenvolvimento de alergias e outros problemas de saúde.
Para o coordenador da Faculdade de Medicina da São Leopoldo Mandic, Guilherme Succi, a conscientização do parto normal abrange várias instâncias. Conscientização do médico, da família, da equipe de enfermagem, além dos alunos das universidades. "O parto normal é feito no hospital e a mãe não vai sentir dor, onde o bebê vai ser bem acolhido e var nascer melhor. O maior risco da cesária é que o médico tenta decidir quando o bebê está pronto", afirma.
Quartos especiais:
A Maternidade de Campinas também anunciou nesta quarta-feira que terá cinco quartos especiais para partos normais, uma forma de tirar estes nascimentos dos ambiente obstétrico. "O custo que nós temos no centro obstétrico é mais alto", informa o diretor presidente. Ainda segundo ele, estes quartos serão para o pré-parto, parto e pós. A inagurução destes cômodos ainda não tem data prevista.
(Foto: Reprodução/ EPTV)